Tuberculose entre indígenas de São Gabriel da Cachoeira, AM

Resumo

Introdução: O estado do Amazonas tem se destacado no cenário brasileiro por apresentar altas taxas de incidência de tuberculose. Entre a população indígena a tuberculose atinge índices alarmantes bem superiores àqueles encontrados na população geral. No Amazonas, a região do Alto Rio Negro constitui um cenário epidemiológico peculiar, pois cerca de 90% da população é indígena.

Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico da população indígena com tuberculose no município de São Gabriel da Cachoeira.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Trata-se em estudo epidemiológico descritivo, do tipo levantamento, realizado no município de São Gabriel da Cachoeira, localizado no extremo noroeste do estado do Amazonas, tomando como fonte de dados, os casos de tuberculose notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) referente aos anos de 2009 e 2010, sendo que as variáveis selecionadas foram divididas em dois grupos: variáveis sócio-demográficas e clínico-epidemiológicas. Os casos selecionados foram analisados no software MINITAB Release 14.1. O estudo respeitou os preceitos éticos contidos na Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados: Registraram-se 84 casos no período analisado. Do total, 51 (60,7%) casos ocorreram no ano 2009 e 33 (39,3%) em 2010. A idade média dos indígenas infectados foi de 38,9 anos. Em relação à escolaridade, 43 (51,2%) doentes declararam possuir apenas o ensino fundamental. A zona rural registrou o maior número de casos com um total de 45 (54,9%) casos. Quanto à forma clínica e tipo de entrada verificou-se predominância da forma pulmonar em 64 casos (76,2%) e casos novos em 73 casos (86,9%), respectivamente. O alcoolismo foi o único agravo associado registrado (5 casos). Em relação à situação de encerramento, obteve-se a cura em 82,1% dos casos e o abandono do tratamento ocorreu em 4,8% dos casos.

Conclusão ou Hipóteses: Portanto, inferir-se que (i) houve um decréscimo na redução dos casos de tuberculose, no entanto será preciso um período mais extenso de análise para confirmar esta tendência e (ii) o percentual de cura e abandono dos pacientes na população estudada está próximo do que é preconizado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose, com taxas de cura próximas a 85% e de abandono menor que 5%.