A importância da abordagem familiar multiprofissional no plano terapêutico

Natália Madureira Ferreira

Resumo


Introdução: Mãe solteira de 3 filhos, com história de abuso sexual na adolescência pelo padrasto e assédio sexual pelo mesmo à sua filha de 12 anos. Diagnosticada com depressão grave com idealização de suicídio altruísta, representando risco para seus filhos menores. Em acompanhamento psiquiátrico avaliou-se o risco de suicídio altruísta, mas não se conseguiu elaborar intervenção na família.

Objetivos: Propiciar um ambiente saudável e seguro para os filhos sem que isso agravasse a fragilidade emocional e instabilidade psiquiátrica da paciente.

Metodologia ou Descrição da Experiência: A equipe da USF e o NASF elaboraram conjuntamente uma abordagem para a vinculação com o pai das crianças, tornando-o disposto a assumir a guarda durante o período de tratamento da paciente. Abordou-se com a paciente o significado da transferência da guarda dos filhos para o pai e o impacto disso na sua estabilidade emocional e psiquiátrica, sempre enfatizando o benefício para o seu tratamento e nunca o risco que ela representava para os filhos. Elaborou-se um plano de intervenção juntamente com a equipe de psiquiatria do Hospital onde a paciente era acompanhada. Discutiu-se com as crianças seus desejos, medos e ansiedades em relação a essa mudança.

Resultados: Reestruturou-se a rotina da família de forma que a mãe permanecesse com os filhos apenas nos finais de semana e sempre acompanhada de outra pessoa. O pai se empoderou de seu papel e responsabilidade frente ao cuidado com os filhos e providenciou uma casa onde pudesse recebê-los de forma adequada. A paciente foi admitida para internação hospitalar e, quando recebeu alta, apresentava-se relativamente melhor, solicitou novamente a guarda dos filhos. Houve então a adequação gradativa da rotina da família. A paciente mantém um humor deprimido porém consegue cuidar com mais propriedade dos filhos. O pai assumiu o seu papel na família e conseguiu criar um vínculo afetivo com as crianças.

Conclusão ou Hipóteses: O papel do médico de família e da equipe multiprofissional é fundamental na análise e elaboração de um plano de intervenção em casos complexos que requerem abordagem familiar. Especialmente em pacientes que estão sob o cuidado de outro especialista, o diálogo com o médico de família é crucial para construir uma intervenção eficaz sem traumas significativos para os pacientes.


Palavras-chave


Abordagem Familiar; Equipe Multiprofissional; Conflito Familiar

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