Álcool e outras drogas: narrativas sobre experiência de adoecimento e tratamento

Cynthia Cristina Aquino dos Santos, Fillipe Teixeira Tinoco Rodrigues, Gabriel Moreira Crelier, Queline Simões Evangelista, Talitha Demenjour Silva

Resumo


Introdução: O uso prejudicial de álcool e drogas ilícitas é um sério problema de saúde pública. A continuidade do cuidado é um desafio para serviços comunitários de atenção à saúde de pessoas com problemas graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Conhecê-lo melhor é uma necessidade para aprimorar as ações de cuidado ofertadas.

Objetivos: Conhecer a experiência vivida por usuários que deixaram o acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Outras Drogas (CAPS ad) Porto em Macaé-RJ, afim de que sejam esclarecidos os impasses relativos à continuidade ao tratamento.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Estudo de narrativas sobre a experiência de adoecimento. A referência teórico-metodológica foi a fenomenologia interpretativa hermenêutica. A ferramenta metodológica empregada foi a entrevista McGill MINI Narrativa de adoecimento. Participaram da pesquisa onze pessoas com história de uso prejudicial de álcool e outras drogas, que deixaram o acompanhamento no CAPS-AD Porto no período de outubro de 2010 a fevereiro de 2011, aceitaram participar do estudo e tiveram condições cognitivas de compreender o roteiro da entrevista.

Resultados: O uso prejudicial de álcool e outras drogas não foi vivido como um problema de saúde, mas como problema moral. A busca pelo CAPS não se deu pelo uso abusivo em si, mas por suas consequências negativas, quer físicas ou sociais. A entrada no serviço se deu por encaminhamento de terceiros (familiares, unidades de saúde e outros). Concorreram para não permanência: compreensão de que o uso prejudicial é um problema moral e não de saúde; sentir-se julgado e criticado; desconforto em expor seus problemas a desconhecidos; ver pouco sentido nas atividades dos CAPS para ajudá-los; não perceber a aposta do profissional na sua capacidade de interromper uso.

Conclusão ou Hipóteses: As narrativas indicam que o uso prejudicial de álcool e outras drogas foi vivenciado como problema físico-moral e a experiência de tratamento esteve marcada pela incongruência entre as ações de cuidado oferecidas e a experiência do usuário. O diálogo entre a perspectiva da equipe de saúde e a experiência do usuário se mostrou necessário para o enfrentamento do fenômeno da não permanência.




Palavras-chave


Estudo de Narrativas; Experiência de Adoecimento; Álcool e Outras Drogas

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