Teatro de Canudos: espetáculo de criação e expressão da criança

Holmes Antonio Vieira Martins, Rosane Guedes, Grasiela Fragoso da Costa, Beatriz Freitas, Priscila Matias Borring

Resumo


Introdução: O Teatro de Canudos é uma atividade de Arte Terapia. Nasceu de um momento lúdico do autor com seu filho de dois anos, hoje com quatro. Por meio de cenário e personagens, argumento e roteiro definidos por cada participante, a criança conta a história que deseja contar. Levado a uma praça, outras crianças se interessaram por aquela caixa colorida. E com elas chegaram questionamentos surpreendentes.

Objetivos: O objetivo do Teatro de Canudos é trabalhar a subjetividade da criança de maneira lúdica, como acontece espontaneamente. Em sintonia com o holding(Winnicott), a “direção teatral e cênica” de cada participante traz possibilidades de expressão que podem e devem ser trabalhadas no ambiente terapêutico.

Metodologia ou Descrição da Experiência: O Teatro de Canudos é confeccionado pelo Arte Terapeuta com uma caixa de papelão medindo 40x30x30cm. Há uma grande abertura frontal com cortinas, onde se apresentam os personagens; e três rasgos superiores: no posterior, se introduz o cenário; nos dois anteriores, os personagens que ficam na extremidade de canudos. Cada criança desenha cenário e seus personagens, fixados na extremidade inferior dos canudos com fita adesiva. O Arte Terapeuta orienta sobre as possibilidades de encenação, mas deve deixar a cada um a percepção das dimensões, cores, formas ou atuação dos personagens. O roteiro é construído durante a apresentação, que pode continuar em dias seguintes, mas com começo, meio e fim.

Resultados: Crianças falam de si muito facilmente. Contudo, é necessário que percebam o ouvinte como capaz de compreendê-las: suas perguntas já trazem hipóteses sobre o que lhes que seja desconhecido ou lhes cause interesse. Para tal se utilizam da linguagem que lhes é possível, sendo as brincadeiras prioritariamente seu canal de expressão. Nesse sentido, não apenas curiosidade e desenvolvimento cognitivo se materializam nas atividades lúdicas, mas seus questionamentos e angústias. Foi assim que o Teatro de Canudos, por ser inteiramente encenado por cada criança - com personagens, cenários e roteiros desenvolvidos por cada participante - se materializou como instrumento de expressão da subjetividade.

Conclusão ou Hipóteses: O Teatro de Canudos nasceu como atividade lúdica. Numa praça pública, foi facilitador da exteriorização de subjetividades, dúvidas e angústias. Assim, transpusemos a atividade para o ambiente terapêutico. Para tal, um princípio norteador da escuta com criança foi utilizado: para exercício da liberdade de expressão é necessário um mínimo de ordenamento e sistematização. Não houve contra indicações.


Palavras-chave


Arte Terapia; Psicanálise com Crianças; Teatro

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