Atenção Primária em três países: relato de experiência de uma estudante

Evelin Gomes Esperandio

Resumo


Introdução: Este trabalho faz um relato de experiência de uma estudante de medicina brasileira durante três meses de seu internato optativo. Foi possível conhecer um pouco dos sistemas públicos de saúde (SPS) espanhol e uruguaio, tendo contato com estudantes, residentes, preceptores e profissionais de saúde dos dois países, tendo como base comparativa o sistema de saúde e educacional brasileiro.

Objetivos: Refletir sobre os sistemas de saúde, entendendo-os enquanto parte fundamental da sociedade capitalista desde a perspectiva de uma estudante inserida nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) dos referidos países no contexto do internato em medicina.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Foram sete semanas na Espanha e quatro no Uruguai. Espanha, Brasil e Uruguai apresentam SPS em distintos momentos históricos. Espanha, a primeira destes a ter sua lei geral e sua reforma do sistema, já apresenta-se como a primeira a entrar nos rumos do neoliberalismo. O Brasil, com as terceirizações/empresas públicas de direito privado, se mostra indo na mesma direção. Já o Uruguai está em fase de consolidação do chamado Sistema Nacional Integrado de Saúde, ainda tem quase 50 % de sua população sendo atendida na esfera privada e uma medicina de família/atenção primária crescendo “a todo o vapor”. Esperava-se encontrar um exemplo de APS ideal na Espanha e um sistema jovem no Uruguai.

Resultados: Pode-se conhecer bairros de periferia no Uruguai e uma equipe espanhola de atendimento a população excluída – uma equipe móvel que atende em sua maioria ciganos que vivem em lugares como as favelas brasileiras. Usando o conceito da Determinação Social do Processo Saúde-doença, dado pela Epidemiologia Crítica, vê-se como o processo de adoecimento e as necessidades em saúde são determinados pela realidade socioeconômica vivida pelas populações atendidas. A crise na Europa é exemplo claro de como o capitalismo exerce total influência sobre a saúde dos povos. Foi importante observar como este sistema em seus diferentes estágios não fornece condições adequadas para um efetivo cuidado em saúde.

Conclusão ou Hipóteses: É clara a premência de fornecer espaços de estudo/discussão dentro da formação acadêmica para refletir sobre as contradições vividas na APS e nos SPS, ao exemplo dos três países. A Epidemiologia Crítica, tão ausente nas listas bibliográficas e bibliotecas, tem muito a contribuir para uma análise mais profunda e verdadeira das experiências, proporcionando outros posicionamentos frente a realidade.


Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Espanha; Uruguai; Determinação Social do Processo Saúde-Doença; Internato

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