Educação terapêutica na diabetes mellitus – a propósito de um caso clínico

Dúnia Rocha, Ana Luísa Bettencourt, Bárbara Pimentel

Resumo


Introdução: A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é considerada a pandemia do século XXI, com uma prevalência crescente a nível mundial. A diminuição da sua morbimortalidade está relacionada com um bom controlo metabólico. Nos doentes insulinotratados é essencial ter em conta as técnicas de administração de insulina e de vigilância da glicémia, que devem ser revistas periodicamente.

Objetivos: Dado que mais de 95% dos cuidados de saúde em diabetes são prestados pelo próprio doente, os autores pretendem, através da partilha de um caso clínico, reforçar a importância da educação terapêutica na DM2.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Homem de 54 anos, empregado de restauração, solteiro, inserido numa família alargada, altamente funcional segundo o Apgar familiar de Smilkstein e de classe média pela escala de Graffar. Apresentava antecedentes pessoais de DM2 com complicações macrovasculares, hipertensão arterial e dislipidémia. Recorreu ao Médico de Família (MF) por hiperglicémia não quantificável, sem sintomatologia espoliativa ou alterações ao exame objetivo, que foi revertida com insulina rápida. Por mau controlo metabólico (HbA1c 13,9%) iniciou insulina glargina. Subsequentemente foi-se otimizando a terapêutica, atingido-se um razoável controlo metabólico em 4 meses (HbA1c 7,7%).

Resultados: Dois meses depois recorreu ao Serviço de Urgência hospitalar por hiperglicémias mantidas >400mg/dL. Não mostrava alterações de relevo, exceto glicémia 657mg/dL. Foi internado e medicado com insulina em perfusão. Por evolução clínica favorável e controlo glicémico imediato teve alta, após exclusão de foco infecioso, mantendo-se a terapêutica habitual. Três dias depois recorreu ao MF por hiperglicémia persistente, com início após a alta. Foram excluídas as causas exógenas de hiperglicémia, reforçados os conselhos de alteração do estilo de vida, verificada a adesão à terapêutica e a técnica de injeção subcutânea de insulina, tendo-se observado um erro que impossibilitava a sua administração.

Conclusão ou Hipóteses: O trabalho conjunto nos cuidados de saúde primários permitiu identificar e corrigir a causa da descompensação metabólica. A educação terapêutica na DM2 reveste-se de uma importância redobrada por ser um dos fatores mais relevantes na obtenção do controlo metabólico e prognóstico a longo prazo, constituindo uma poderosa arma terapêutica com impacto na saúde maior do que qualquer novo medicamento.


Palavras-chave


Diabetes Mellitus; Educação Terapêutica; Insuinoterapia;

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