Relato de caso: o cuidado integral na síndrome de dependência alcoólica

Diego Espinheira da Costa Bomfim, Maurílio de Souza Cazarim, Camila Bolivar Vieira Souza, Patricia Lucca Dantas Voi, Tiago Batistella

Resumo


Introdução: A prevalência da Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) no Brasil supera a de qualquer outra Substância Psicoativa. À Equipe de Saúde da Família (ESF) cabe o rastreio populacional e a Intervenção Breve com os usuários, referenciando para atenção especializada casos de SDA. Acreditamos que a ESF possui tecnologias de cuidado, para assumir alguns casos de SDA e relatamos aqui nossa experiência.

Objetivos: Discutir a utilização de tecnologias características da Atenção Básica na abordagem de pacientes com SDA, em fase de recaída, tendo como orientadores a integralidade do cuidado, o Projeto Terapêutico Singular (PTS), o fortalecimento da Rede Social e a Pedagogia da Surpresa.

Metodologia ou Descrição da Experiência: LRF, 58 anos, portador de surdez e SDA. Morando sozinho, abstêmio há 7 meses, LRF reinicia uso de álcool após morte de seu cachorro. Caso trazido pela Agente Comunitária de Saúde para a ESF que opta por postura pró-ativa, realizando Visita Domiciliar com paciente ainda intoxicado, com base na Pedagogia da Surpresa. Paciente abordado com postura empática e técnicas adaptadas da Intensificação de Cuidados a Pacientes Psicóticos, cessa consumo em 3 dias. Elaborado PTS, identifica-se fragilidade da Rede Social de Suporte agravada pela surdez. ESF viabiliza aparelho auditivo, realiza treinamento auditivo através de matriciamento fonoaudiológico e insere paciente em grupos da unidade.

Resultados: LRF permanece abstêmio há cerca de 1 ano, evolui com melhora significativa na conversação e interação pessoal. Apresenta fortalecimento importante de seu vínculo com a unidade de saúde onde participa das reuniões do Grupo dos Homens (ainda recebendo suporte de um dos facilitadores), afere PA quinzenalmente, mantêm acompanhamento clínico geral e iniciou tratamento odontológico com confecção de prótese provisória. Paciente refere ainda melhoria na qualidade de vida, motivação para os tratamentos e maior interação social, tendo inclusive adquirido novo animal de estimação.

Conclusão ou Hipóteses: A partir de nossa experiência, levantamos a possibilidade da ESF ir além do binômio rastreamento/intervenção breve para usuários de álcool e, ancorando-se em tecnologias leves já descritas na literatura, assumir o cuidado em algumas situações de SDA, se possível com apoio matricial e valendo-se de sua principal ferramenta: o vínculo.


Palavras-chave


Síndrome de Dependência Alcoólica; Projeto Terapêutico Singular; Tecnologias Leves

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